Uma razão por que continuamos a pecar é não crermos que fomos perdoados. A segurança conduz à vitória. A incerteza conduz à derrota.
Numa igreja que pastoreei há vários anos, certa família adotou uma garotinha de cinco anos. Tendo como mãe uma mulher marginalizada, a criança já havia experimentado mais do lado negro da vida do que a maior parte das pessoas durante toda a existência. Tinha aprendido a sobreviver, mas não sabia como viver. Sabia como odiar, mas não como amar. Em vários aspectos, ela parecia um caso irremediável.
Ela já havia passada por uma série de lares adotivos. Ela falava do seu passado em termos de “Mamãe Karen”, “Mamãe Becky”, e “Mamãe Ana”. Todas estas a haviam rejeitado. Agora ela havia sido adotada por uma família cristã, com promessa de um lar permanente. Mas não sabia o que significava permanência. Tudo quanto entendia era temporário e não se dispunha a deixar-se ferir novamente.
Ela estava tão certa de que seria abandonada, que até fazia tudo quanto podia para apressar o processo. Era mestra em transtornar uma casa. Em razão de ter sido vítima de tantos abusos desde quando era bebê, nenhuma punição podia controlá-la. Às vezes, sua nova família se desesperava, imaginando ser impossível alcançá-la.
Na medida em que continuava convencida de que seu mau comportamento resultaria em sua rejeição, ela continuava a rebelar-se. A reviravolta ocorreu quando percebeu que não importava quão má fosse, seria aceita assim mesmo. Somente quando sua nova família finalmente lhe transmitiu aceitação incondicional, foi ela capaz de começar seu processo de cura. Somente então, descobriu que a desobediência não era mais necessária.
Uma das coisas que a ajudaram, foi entender claramente as conseqüências de certas ações. As conseqüências eram justas, não más. Ela, porém não tinha permissão de comportar-se mal “gratuitamente”. Ao mesmo tempo, vagarosamente chegou a entender que a conseqüência de desobedecer era não ser rejeitada e mandada embora. Seu lugar na família estava assegurado enquanto se dispusesse a permanecer.
Às vezes, temos olhado a Deus da mesma forma que essa criança considerava seus novos pais. Temos estado tão certos de que Ele nos vai rejeitar devido ao que somos, que continuamos sendo o que somos! Continuamos a pecar por não crermos que somos perdoados. Continuamos derrotados por não ter nenhuma garantia de que Ele nos aceita mesmo enquanto crescemos.
Significa isto que o pecado está certo, que podemos quebrar Sua lei e continuar sem punição? Não, as ações más têm conseqüências. Mas o sermos rejeitados por Deus não chega a ser uma delas – na medida em que permaneçamos “na família” e continuemos a ir a Ele em busca de cura, perdão e poder.
Caminho a Cristo, pág. 52, coloca a questão desta forma:
“Julgam alguns que têm de submeter-se a uma prova e demonstrar primeiro ao Senhor que estão reformados, antes de poder pedir Sua bênção. Mas podem invocar a bênção de Deus agora mesmo. Necessitam de Sua graça, do Espírito de Cristo, que lhes ajude as fraquezas; do contrário, não poderão resistir ao mal. Jesus estima que a Ele nos cheguemos tais como somos, pecaminosos, desamparados, dependentes. Podemos ir a Ele com todas as nossas fraquezas, leviandade e pecaminosidade, e rojar-nos arrependidos aos Seus pés. É Seu prazer estreitar-nos em Seus braços de amor, atar nossas feridas, purificar-nos de toda a impureza.”
I S. João 3:2 declara: “Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que havemos de ser. Sabemos que, quando Ele Se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque havemos de vê-Lo como Ele é.”
Nossa parte é certificar-nos de que agora continuamos em relacionamento com Ele como Seus filhos e filhas. Sua parte é assegurar que, seja o que for que precise ser feito para tomar-nos semelhantes a Ele, será feito em tempo.
Jesus aprecia que vamos a Ele tal como somos, pois esta é a única maneira em quepodemos ir. Ele não estabelece limites ao número de vezes que vamos a Ele para ainda sermos aceitos. Ama-nos porque somos Seus filhos, não porque haja qualquer bem em nós. E quando, finalmente, chegamos a compreender que somos amados e aceitos por Ele, começamos nosso processo de cura. Aceitar Sua aceitação faz a diferença.