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terça-feira, 28 de dezembro de 2021

Santo de casa não faz milagres!

 Volta para casa e conta aos teus tudo o que Deus fez por ti. Lucas 8:39

        Você já ouviu essa expressão Santo de casa não faz milagres? Os que a usam querem dizer que os familiares costumam dar mais atenção as palavras de alguém de fora do que aos da própria casa. Não foi assim, porém com o Sr. Hudson Soares.

        Em 2007, o Sr. Hudson, professor de música, conheceu um jovem Adventista que queria aprender a tocar violino. Logo se tornaram muito amigos e dentre vários assuntos que eles conversavam o principal girava em torno da bíblia e da música. Após algum tempo estudando a bíblia com seu novo amigo, o Sr. Hudson decidiu pelo batismo e não demorou a compartilhar com sua família as novas verdades que descobrira nas escrituras. 

        Mostrou a sua esposa Marta que após uma série de estudos também seguiu os passos do marido, sua pequena filha passou a ouvir das novas maravilhas, mostrou às suas três irmãs e todas também decidiram por Cristo através do batismo, sua afilhada durona não resistiu ao chamado de Cristo e se entregou completamente.

        Dizem que santo de casa não faz milagres. Talvez essa frase se sustente porque é no íntimo da família que o caráter é realmente revelado. É no seio da família que seus defeitos são vistos, a hipocrisia  e a mentira são reveladas. Podemos esconder, encobrir, ocultar, mascarar nossos defeitos, podemos viver de aparência para com os de fora, mas é dentro da sua casa que você é realmente conhecido. 

        Temos facilidade em ser graciosos e corteses com os de fora, nossas melhores palavras são usadas para orientar a filha do vizinho enquanto que as palavras mais duras são ditas dentro de casa. Facilmente somos gentis com o marido da irmã ou com o marido da melhor amiga, mas em casa frequentemente não temos tanta paciência assim.

        Dizem que santo de casa não faz milagres. Não foi porém esta a orientação dada por Jesus em Lucas 8:39. Quando o jovem se viu livre do cárcere de Satanás, quando se viu liberto de uma legião de demônios com o coração grato e cheio de amor por seu salvador, pediu que pudesse segui-lo, porém Jesus disse: Volta para sua casa e conta aos teus tudo o que Deus fez por ti.

        Dizem que santo de casa não faz milagres. Jesus quer que sejamos santos em nossa casa. Ele quer que demonstremos o seu amor primeiro em nosso lar no trato com os filhos, com a esposa e marido. Ele quer que nossas melhores palavras sejam ditas no conforto do lar. Jesus quer que sejamos sinceros

        O Sr. Hudson Soares e sua esposa se tornaram pregadores da palavra de Deus e semeadores das verdades bíblicas. Seu lar se tornou um lugar de esperança e quando a dificuldade se apresenta eles a enfrentam confiantes no auxílio de Jesus.

        Dizem que santo de casa não faz milagres!
        Devemos ser santos em casa, os milagres deixemos com Jesus.



Jackson Vilela


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quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

O Bom Combate da Fé – Como Tornar Real o Cristianismo


A comunidade precisava desesperadamente de chuva, os poços estavam secos e as plantas ressequidas. De sorte que o pregador convocou uma reunião especial de oração. Naquela noite a igreja lotou. Uma menininha trouxe o seu guarda-chuva!
A congregação sorriu ante a demonstração de fé da criança. Mas quando a chuva chegou alguns minutos depois, a garotinha foi a única que não se molhou.
O que provocou a chuva? Foi a menininha e seu guarda-chuva? ou ela levou o seu guarda-chuva porque sabia que ia chover? Sua interpretação da história dependerá provavelmente da sua compreensão de fé e de como ela opera.
Há muitos que imaginam ser a fé simplesmente pensamento positivo – que se você puder crer, com convicção, que algo irá acontecer, isto acontecerá. Essas pessoas concebem a fé como algo autogerado, algo que se produz. Uma das mais comuns interpretações ou compreensões de fé nos círculos cristãos é que “fé é crer”. Outras definições comuns ou vulgares são que “fé é pegar a Deus em Sua Palavra”, ou, “fé é crer no que Deus diz”. Estes conceitos de fé são insuficientes e intangíveis. Não é de admirar que se nos diga que a Terra está quase destituída de verdadeira fé (Lucas 18:8) – escassamente sabemos o que é, realmente, a verdadeira fé.
Consideremos uma experiência bíblica, encontrada em Mateus 15:21-28, onde Jesus elogia uma mulher por sua fé, e vejamos como se ajustam estas definições.
“Partindo Jesus dali, retirou-Se para os lados de Tiro e Sidom. E eis que uma mulher cananeia, que viera daquelas regiões, clamava: Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de mim! Minha filha está horrivelmente endemoninhada. Ele, porém, não lhe respondeu palavra”.
Habitualmente os judeus ignoravam os cananeus. Mas nunca é agradável ser ignorado. Isto faria parecer que a mulher teria desistido e se retirado. Mas ela não o fez.
“E os Seus discípulos, aproximando-se, rogaram-Lhe: Despede-a, pois vem clamando atrás de nós.” E aparentemente Jesus concordou com eles, pois respondeu: “Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel”. Ele poderia também ter dito: “Não vim ajudá-la”.
“Ela, porém, veio e O adorou, dizendo: Senhor, socorra-me!”
“Então, Ele, respondendo, disse: Não é bom tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos”.
Já lhe aconteceu de ser desconsiderado ao pedir auxílio, e então, ao persistir em seu pedido, ser insultado? Já foi chamado de cão? Parece surpreendente que essa mulher não desistisse muito antes de Jesus chegar à parte dos “cachorrinhos”. Mas ela encontrara a oportunidade que vinha procurando. Jesus deve ter piscado um olho durante a conversação. E a mulher cananeia deve tê-lo percebido, porque respondeu: “Sim, Senhor, porém os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos.” Em outras palavras, se eu sou um cachorro, então ao menos estou habilitada a algum alimento de cachorro!
“Então lhe disse Jesus: Ó mulher, grande é a tua fé! Faça-se contigo como queres. E desde aquele momento sua filha ficou sã”.
Agora deixe-me perguntar-lhe: Como é a fé definida neste relato? É pegar a Deus em Sua palavra? Não, se a mulher tivesse pegado a Deus em Sua palavra, ela teria desistido. Você define fé em termos de crença, ou crer no que Deus diz? Não pode; isto não dá certo. A fé, em seu caso, consistiu em descrer do que Jesus disse. Fé não era pegar a Deus em Sua palavra.
Por causa das definições inadequadas de fé, se tem desenvolvido uma forma muito sutil de pseudo fé. Lembro-me de ter ouvido uma crônica intitulada “Como Tornar-se um Sucesso”. O orador, com 35 anos de idade, tinha se aposentado com uma renda de 35.000 dólares por ano. Seu tema era que você deve acreditar em si mesmo e em sua mente maravilhosa a fim de ser um sucesso. Citava alguns textos bíblicos para apoiar o seu ponto de vista e sugeria que a única barreira, o único obstáculo contra o sucesso era alguém deixar de crer em sua própria capacidade. Se seus ouvintes experimentassem seu plano por 30 dias, prometia ele, seriam bem-sucedidos em qualquer coisa que quisessem fazer. Sua lógica quase fazia sentido, mas não pude deixar de lembrar-me de um texto bíblico que diz: “O que confia no seu próprio coração [mente] é insensato” (Provérbios 28:26).
O denominador comum da falsa fé, independente da forma que a mesma venha a tomar, é a ideia de que você pode se persuadir a crer em alguma coisa, e que se você crer o suficiente, isto levará Deus a Se mover. Isto se reduz a um tipo de ginástica mental, ou pensamento positivo, e talvez seu maior perigo é que ela inevitavelmente se torna egocêntrica, da mesma maneira como o tentar vencer seus pecados por seus próprios esforços, faz de você um egoísta.
Tendo uma fé falsa, o conceito que alguém possui de Deus e da compreensão da Sua vontade, torna-se confuso. Alguns cristãos creem que se você tiver fé suficiente, qualquer promessa que você possa encontrar na Palavra de Deus torna-se imediatamente Sua vontade. Esta espécie de pessoa trabalha arduamente para persuadir-se de que determinadas promessas irão cumprir-se em seu caso, ou no caso de alguém, e faz sua confiança e amor a Deus depender das respostas serem ou não adequadas. Frequentemente toma passagens fora do contexto e começa a usar a Deus como uma espécie de Papai Noel ou lâmpada de Aladim. Seu propósito primordial na oração é obter respostas.
O que há de trágico é que um indivíduo de mente decidida e resoluta poderia ser capaz de ter bom êxito nisto até certo ponto, e acabar crendo ou tendo fé em si mesmo, não em Deus. E visto que ele parece ter sucesso, sua fé autogerada pode tornar-se uma evasão fatal do relacionamento pessoal com Cristo. Ele não sente nenhuma necessidade de Deus. Eis aí a razão por que pensamento positivo não é fé. Isto nunca foi fé e jamais o será! Ao contrário, é uma forma sutil de ”salvação pelas obras”, uma “vanglória” em que eu recebo o crédito por ter talento suficiente para fazer as coisas acontecerem. E quando não sou bem-sucedido em obter as respostas que eu quero, minha vida espiritual pode ser devastada.
Um homem entrou um dia em meu escritório, prorrompeu em soluços, e disse:
– Você pode ficar com seu Deus, sua fé, sua religião e sua Bíblia. Vou acabar com tudo isto.
– Por quê? Qual é o problema?
– Minha esposa acaba de falecer. E eu tenho lido nas Escrituras que “Tudo o que pedirdes em oração, crendo, o recebereis.” Por dois anos eu acreditei que minha esposa não morreria. Eu lhe dizia diariamente: “Não se preocupe; você não irá morrer”. E agora ela está morta. E eu não quero mais nada com Deus. Acabou-se.
Esse homem não tinha dúvidas quanto a isto. Ele não censurava a si mesmo – achava que sua fé tinha sido absoluta. Era Deus que havia falhado!
Esse homem tinha fé? Não – ele não conhecia absolutamente nada a respeito de fé. Suas reações em tempo de crise provaram isto.
No primeiro ano de meu ministério, alguém me convidou para visitar um moribundo. Os parentes e amigos esperavam que nós orássemos e o ungíssemos. Naquele tempo eu pensava que se alguém pudesse crer o suficiente que se eles pudessem criar a coragem de Pedro e João junto à Porta Formosa, poderiam dizer: “Em nome de Jesus, levanta-te” – isto aconteceria. E que Deus não agiria a menos que alguém fizesse isto.
Bem, eu me dirigi à beira da cama do homem. Nós o ungimos com azeite e oramos. Quando abrimos os olhos após a oração, eu olhei ao redor para ver quem teria a coragem de Pedro e João. Mas todos estavam olhando para mim! E eu não tive a coragem. Rapidamente imaginei algumas racionalizações e murmurei algo acerca de Deus respondendo a oração de diferentes maneiras, às vezes imediatamente, e outras vezes depois, e me retirei apressadamente. O homem morreu, e eu pensei que o havia matado porque não tive fé suficiente.
Você não passa por este tipo de experiência mais de uma vez sem se dar ao trabalho de estudar para saber exatamente o que significa essa questão de fé.
A Bíblia deixa claro que a todos é dada fé suficiente para começar. Diz Romanos 12:3: “…segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um”. Geralmente pensamos na fé em termos de quantidade. Portanto, procuramos aumentar a quantidade que temos. Os discípulos de Jesus tinham a mesma ideia, e um dia Lhe pediram que lhes aumentasse a fé (Lucas 17).
Jesus respondeu-lhes: “Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta amoreira: Arranca-te e transplanta-te no mar; e ela vos obedecerá”.
O que estava Jesus dizendo? Ele estava afirmando que não era tão importante a quantidade de fé, mas se eles tinham ou não a fé genuína. Deus contempla a nossa fé em termos de qualidade, não de quantidade. Se eu tivesse a coisa real, então apenas a quantidade de um grão de mostarda poderia operar maravilhas.
Contudo, a fé cresce ao ser exercitada. Você já teve a curiosidade de saber como se deve exercitar a fé? É a fé exercitada pondo-se você em lugares difíceis e então esperando que Deus o tire de lá? É a fé exercitada ao você preencher cheques quando o seu saldo bancário é zero e então esperar que Deus cubra os cheques? Você exercita a fé reclamando as promessas?
Conheci recentemente uma família que havia concluído que deveria mudar-se para o campo. Compraram um pedaço de terra e estavam dispostos a construir sua casa, mas não havia água no terreno.
Veio então alguém ao lugar a fim de ensinar as pessoas a reclamar as promessas. A família pediu-lhe que viesse e os ajudasse a reclamar uma promessa, e eles se reuniram na fazenda. Eles reclamaram a promessa: “Buscai, e achareis” – que, a propósito, não tem nada a ver com achar água num poço. Mas a água veio! A família regozijou-se, construiu sua casa e mudou-se para o novo local.
Depois o poço secou. Quando os vi pela última vez, eles eram pessoas muito confusas. Havia algo de errado em sua fé? Havia algo errado com a promessa? Ou havia algo de errado com Deus?
Um estudante voltava para o colégio depois das férias. Ele se achava em um avião com um membro do corpo docente, e por causa de um denso nevoeiro, eles não puderam aterrissar no aeroporto conforme planejado. O estudante disse ao professor que estava ao seu lado: “Veja isto! Eu vou reclamar uma promessa, e o nevoeiro desaparecerá”. Ele reclamou uma promessa, mas o nevoeiro não foi embora. E o estudante ficou desanimado.
O que ele não percebia era que poderia não ser necessário que ele aterrissasse naquele aeroporto específico. Talvez a vontade de Deus fosse que ele aterrissasse em alguma outra localidade. De fato, tem havido boas pessoas, gente piedosa que têm sucumbido em desastres de avião – e isto aconteceu, não porque lhes faltou a fé, nem porque não soubessem como reclamar a devida promessa.
Dois homens foram queimados na fogueira. Seus nomes eram Huss e Jerônimo. E eles são apenas dois dentre milhares que pereceram durante a Idade Escura. Se reclamar as promessas é o método correto para levar Deus a agir, então Huss e Jerônimo realmente não o perceberam. Porque há uma linda promessa em Isaías 43:2 que diz: “Quando passares pelas águas Eu serei contigo; quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti”.
Mas não me diga que Huss e Jerônimo morreram porque não tinham a devida espécie de fé. Se eu compreendo isto corretamente, Huss e Jerônimo morreram porque tinham fé. E parte da promessa se cumpriu para eles, mesmo sem que a reclamassem, porque ela diz: “Quando passares pelo fogo, não te queimarás”. Huss e Jerônimo morreram cantando! Você já pôs a mão em um fogão quente? Cantou? Ninguém morre na fogueira acesa com madeira verde e a fogo lento – cantando – a menos que não esteja sendo queimado. Mas a última metade desta passagem: “nem a chama arderá em ti”, não se cumpriu. Os mártires que cantavam foram reduzidos a cinzas, e suas cinzas foram lançadas no rio.
João Batista foi decapitado. Eliseu morreu depois de uma longa enfermidade – Eliseu, a quem fora dada uma porção dobrada do espírito de Elias. E “todos estes morreram na fé” o que nos diz que a fé é muito mais do que você se persuadir de que Deus responderá à oração da maneira como você a detalhou.
Não creio que toda promessa que você possa encontrar na Palavra de Deus seja a vontade de Deus para você, nesta ocasião e sob estas circunstâncias. João Batista e Eliseu, Huss e Jerônimo, e uma multidão de outros, têm provado isto.
Há promessas na Palavra de Deus, porém, que são sempre a vontade de Deus. Estas são as promessas que têm a ver com as bênçãos espirituais. É sempre a vontade de Deus perdoar-nos o pecado, dar-nos Sua graça e poder, dar-nos sabedoria para fazer a Sua obra. Estas promessas nós podemos reclamar. Por estas bênçãos devemos pedir, e crer que as recebemos, e dar graças de que as temos recebido. Mas é óbvio, através da vida de pessoas piedosas, quando se trata de bênçãos temporais, inclusive a vida e a saúde, que a menos que a pessoa saiba por revelação especial qual é a vontade de Deus sobre o assunto, ela deve orar: “Seja feita a Tua vontade”.
O que é, então, fé genuína? É mais do que pegar a Deus em Sua palavra. É mais do que você se persuadir a crer. Nunca é uma coisa criada, elaborada e artificial. Quando você a estuda, chega à única definição apropriada de fé. É apenas uma palavra: Confiança. Fé genuína é confiança em Deus.
A palavra grega da qual é traduzida “fé” no Novo Testamento é também traduzida de no mínimo duas outras maneiras – “crença” e “confiança”. Tudo vem da mesma palavra grega. Portanto, você pode tomar “crença” ou “fé”, onde quer que as encontre, e sem prejudicar o pensamento ou o contexto, substituí-las pela palavra “confiança”. Por exemplo: “Esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé” (1João 5:4), pode ser mudada para “Esta é a vitória que vence o mundo, a nossa confiança.” Atos 16:31 – “Crê no Senhor Jesus, e serás salvo”, pode ser lido: “Confia no Senhor Jesus”. 1Timóteo 6:12 – “Combate o bom combate da confiança”.
Isto não é o mesmo que dizer meramente: “Eu creio”. Em nosso mundo de hoje há uma espécie de fé vulgar, que requer apenas que você “creia em Cristo” a fim de ser salvo. Não! Aprender a confiar exige algo mais profundo do que isto – demanda um relacionamento pessoal e contínuo com um Deus que é completamente fidedigno.
Qual é o genuíno combate da fé? Qual é a nossa parte? Jesus disse que a nossa obra é confiar (João 6:29). Combatemos o bom combate quando aprendemos a confiar. Isto envolve o conhecimento dAquele que é digno de confiança.
Infelizmente, muitos de nós confundimos imediatamente o bom combate da fé, ou confiança, com o mau combate do pecado. Pensamos que combater o bom combate da fé consiste em tentar com dificuldade viver uma vida piedosa. O problema é que o indivíduo forte que combate o pecado poderia até certo ponto ser bem-sucedido exteriormente, mas tornar-se orgulhoso do seu sucesso e também deixar de ver sua necessidade de Deus. Por outro lado, a pessoa fraca que tenta mudar sua vida lutando contra o pecado não é bem-sucedida nem mesmo exteriormente – e fica desanimada. Nem compreende o que significa o combate da fé.
Quando eu era pastor em Oregon, fui solicitado a visitar um casal apóstata. Eles estavam revoltados contra os pregadores e tinham jurado que o próximo pregador que aparecesse seria arremessado ao pó.
Quando visitei o seu lar, eles amavelmente me convidaram a entrar e, para minha grande surpresa, disseram: “Somos apostatados”. Eles então riram. Foi uma risada da qual nunca não esquecerei, porque era um riso de nervosismo, mas também de alívio.
Ao conversarmos, tornou-se logo evidente que eles tinham apostatado da ideia de que a religião consistia de proibições. Se algo tivesse sabor, agradasse ao paladar, eles não deveriam comê-lo; se tivesse bom aspecto ou boa aparência, não deveriam observá-lo; e se tivesse som agradável, não deveriam escutá-lo; e se fosse divertido, não deveriam fazê-lo!
Eles estiveram combatendo o mau combate do pecado, e no decorrer do tempo, acharam a religião enfadonha, difícil e triste. Todos os seus esforços para guardar a lei foram sem proveito. Em vez disto, deveriam ter estado combatendo o bom combate da fé. Tendo eles uma vez compreendido que o poder que alcança a vitória vem unicamente do conhecimento de Jesus Cristo, ficaram novamente emocionados com a religião.
A verdade é que você não precisa praticar maus atos para ser um pecador, e a ausência de más ações não o torna um cristão. A fim de ser um pecador, tudo o que você tem de fazer é nascer, porque todos nós somos nascidos com natureza inerentemente pecaminosa. A Bíblia nos diz que toda injustiça é pecado (1João 5:17) e que “não há justo, nem sequer um”, porque “todos pecaram” (Romanos 3:10, 23). Embora alguns sejam mais capazes de evitar a prática de más ações, em realidade eles não são melhores do que os fracos que estão obviamente sofrendo derrota em sua experiência cristã.
Portanto, para onde devemos dirigir nossos esforços a fim de obter fé genuína, ou confiança? Alguns acham que devemos esforçar-nos, tentando produzir a fé – mas eu gostaria de lembrar-lhe que uma macieira produz maçãs porque é uma macieira, nunca a fim de tornar-se uma macieira. Se você quer ter maçãs, deve dirigir-se a uma macieira. Se quer ter fé genuína, preste atenção à origem da fé.
É claro que esta é uma abordagem simplista, mas não obstante verdadeira. Não há nenhum proveito na tentativa de produzir maçãs separado de uma macieira. As imitações de cera ou de plástico podem parecer muito convincentes exteriormente, mas com certeza não apresentam nenhum sabor que se assemelhe às verdadeiras maçãs provenientes de uma macieira!
Lembro-me de que estava no jardim da infância, quando celebrávamos aniversários natalícios apresentando uma réplica de um bolo e cantando “Parabéns a Você”. Mas nunca partíamos o bolo! Ora, admito que alguns daqueles bolos pareciam muito ruins – pingando gesso de um lado, e gotas de cera de 10 anos de uso do outro. Alguns deles, porém, pareciam muito bons para se conter, e lembro-me do desapontamento que me vinha ao coração quando terminavam as aulas sem ter sido cortado o bolo.
Uma imitação é sempre frustrante; e uma imitação em termos de fé é decepcionante no final, embora a princípio possa lisonjear o ego.
Se eu quero fé, não me esforço para produzir fé. Por que não? O cristão genuíno tem fé porque conhece a Jesus. A fé autêntica não pode ser autogerada; vem unicamente como resultado espontâneo da comunhão com Deus.
Há no mínimo duas condições para sermos capazes de confiar em alguém. Primeira, você deve encontrar alguém que seja absolutamente confiável. E segunda, você deve conhecer a pessoa. Porque uma pessoa pode ter sido sempre fidedigna, mas se você não a conhece, não confia nela.
Isto opera também de maneira oposta. Uma pessoa pode ser absolutamente indigna de confiança, e você não desconfiar dela até que a conheça. Mas depois de conhecê-la, você automaticamente desconfiará dela!
Talvez você tenha ouvido acerca do homem que pôs o seu filhinho no topo de uma escada e ordenou-lhe que saltasse. O menino saltou, e o homem recuou e deixou que ele caísse sobre seu rosto. Então disse: “Toma! Isto te ensinará a jamais confiar em alguém”. Esta é a espécie de mundo em que vivemos. Nos dias primitivos dos Estados Unidos, segundo as lendas, toda pessoa era confiável até provar em contrário. Se você devesse algum dinheiro a alguém, colocava-o dentro de um envelope e deixava-o fixado ao seu portão da frente. Você poderia sair de férias sabendo que ninguém o tocaria, exceto a pessoa a quem se destinava. Mesmo se ele passasse depois de uma semana ou mais, ainda encontrava o seu dinheiro ali. Mas hoje vivemos numa época em que todos tendem a desconfiar até que alguém prove ser digno de confiança.
A verdade bíblica é que Deus é absolutamente confiável. Embora seja esta a verdade acerca de Deus, alguns não creem nela. E o único motivo por que não crêem é porque não O conhecem.
Qualquer pessoa que esteja desconfiando de Deus está apregoando o fato de que não O conhece. Porque conhecer a Deus é confiar nEle.
Se você travar conhecimento com alguém que é absolutamente honrado, automática e espontaneamente confiará nele. Não terá de se esforçar para isto – acontecerá naturalmente. A confiança em Deus é a primeira coisa que acontece quando você O conhece, e você não terá de produzi-la. A fé genuína confia em Deus, não importa o que aconteça. Fé significa confiança em Deus quando a tragédia se abate, bem como quando as coisas correm às mil maravilhas. A verdadeira fé confia em Deus, quer o aeroplano caia, quer o poço seque, na vida ou na morte. E esta ideia de “cristão-palha-de-arroz” – de basear a fé nas respostas à oração da maneira como eu espero – é a contrafação da fé operada pelo diabo.
A fé autêntica não é um fim em si mesma. Não vem para aqueles que a buscam, mas para aqueles que não a procuram e que buscam unicamente a Jesus. A fé sempre tem um objetivo. Mas quando a própria fé se torna o objetivo, ela nos destruirá.
A fé legítima vem exclusivamente como resultado do conhecimento de Deus à base de um-para-um, pessoa-para-pessoa. E como é isto efetuado? Do mesmo modo que você conhece alguém – pela comunicação. Comunicamo-nos com os outros conversando com eles, ouvindo-os ao conversarem conosco, indo a lugares e fazendo as coisas juntos. Na vida cristã eu posso conversar com Deus em oração. Posso ouvi-Lo pela leitura da Sua palavra. E posso ir a lugares e fazer coisas com Ele, envolvendo-me no serviço missionário.
Os métodos de familiarizar-se com Deus são os elementos de uma vigorosa vida devocional. E quando me encontro dia a dia num relacionamento significativo com Deus, aprendo a confiar nEle – automática, espontânea e naturalmente. Isto é fé – confiança – no mais elevado sentido.
A fé, ou confiança, é um dom de Deus. Diz Efésios 2:8: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus”. Há somente uma maneira de se receber um dom, e esta consiste em ir à presença do doador do doai ou presente. Como vai você à presença de Deus para receber Seu dom de confiança nEle? De joelhos diante da Sua Palavra aberta.
O propósito primordial da oração é amizade e familiaridade com Deus – não obter respostas. E o propósito primário do testemunho cristão é falar acerca do amor de Deus – não recontar unta lista de todas as respostas que você recebeu.
O que é o bom combate da fé? É lançar mão da medida da fé já dada e usá-la no sentido de tornar-me cada dia pessoalmente familiarizado com Deus, aprendendo a conhecer a Jesus, de tal modo que eu possa confiar nEle como um resultado espontâneo de conhecê-Lo. Eu jantais combato pela fé – eu combato, ou luto para aprender a conhecer a Deus. E a manutenção daquela convivência diária com Deus requer esforço, porque o diabo sabe que você receberá o poder de Deus para salvação se aprender a confiar nEle (1João 5:4). Portanto, Satanás faz tudo o que está ao seu alcance para distraí-lo e impedi-lo de passar tempo com Deus.
Meu apelo a você, meu amigo, é que se engaje no esforço necessário para conhecer pessoalmente a Deus. Ao familiarizar-se com Ele, você receberá o Seu dom de fé como resultado espontâneo.
Que maravilhoso privilégio familiarizar-nos com o grande Deus do Universo, aprendendo a conhecer um Deus no qual se pode confiar, porque é fidedigno! Convido-o a começar hoje mesmo a conhecê-Lo como seu Amigo pessoal.
Querido Pai celestial, obrigado pelas boas novas de que a vida cristã é tão simples. Perdoa-nos por todos os sinuosos métodos, manobras e truques que temos usado na tentativa de obter a fé genuína. Por favor, livra-nos de confiar em alguma outra coisa, exceto a Tua graça e poder, e ensina-nos a conhecer-Te em uma base de um-para-um, de sorte a verdadeira fé de Jesus tome posse da nossa vida. Damos-Te graças por ouvires o nosso rogo, em nome de Jesus. Amém.
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Operando Sua Própria Salvação – Como Tornar Real o Cristianismo


No final de uma tarde um missionário cristão e um bonzo (monge budista) estavam viajando nas frias montanhas do Tibete. Sabendo que ninguém podia sobreviver na trilha depois do escurecer, ambos os viajores estavam ansiosos por chegar ao mosteiro localizado alguma distância adiante. Eles se apressaram o máximo possível contra o sol, mas pouco antes do anoitecer, ouviram gemidos vindos debaixo da trilha íngreme.
Eles olharam sobre a beira da estrada e ali viram um homem que havia caído sobre algumas rochas abaixo. Ele não podia se mover por causa dos ferimentos, e era óbvio que se achava em grande dificuldade.
O bonzo olhou pensativamente para o homem ferido e disse: “Em minha religião, chamamos a isto de carma. Isto significa que este homem foi ferido como resultado de uma causa. Evidentemente, sua sina é morrer aqui, mas o meu destino está ainda adiante de mim. Devo apressar-me para o mosteiro antes que anoiteça”.
O missionário cristão respondeu: “Esta alma pobre e desamparada é meu irmão. Não posso deixar que ele morra aqui. Devo descer e tentar ajudá-lo, não obstante o que possa me acontecer”.
Enquanto o bonzo apressava o passo em direção do mosteiro, o missionário descia o escarpado penhasco. Chegando finalmente ao local onde o homem ferido jazia moribundo, ele tirou suas vestes exteriores e as enrolou em torno do homem, ergueu-o aos seus ombros e com grande esforço tornou a alcançar finalmente o trilho.
Escurecia no momento em que ele chegou dentro dos limites das luzes do mosteiro, mas enquanto se apressava em direção desse lugar de refúgio, ele tropeçou sobre alguma coisa na trilha. Olhando para baixo, percebeu o corpo sem vida do bonzo que, na escuridão e no frio, já havia caído na trilha.
Ora, a história parece melodramática, e hesito em contá-la por este motivo. Talvez seja apenas uma parábola, mas demonstra a premissa de que ao tentarmos salvar alguém, nos salvamos a nós mesmos.
Filipenses 2:12 nos diz que devemos operar a nossa própria salvação, e este texto tem sido frequentemente malcompreendido e mal-aplicado, degenerando assim o cristianismo em um sistema de obras. Contudo, Jesus nos diz que algumas obras estão envolvidas no plano da salvação: “Se alguém quer vir após Mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-Me. Quem quiser, pois, salvar a sua vida, perdê-la-á; e quem perder a vida por causa de Mim e do evangelho, salvá-la-á” (Marcos 8:34 e 35).
A fim de termos uma experiência viva com Cristo, precisamos fazer duas coisas. Primeira: devemos ir à cruz diariamente com Jesus a fim de renunciar a nós mesmos e permitir que Ele assuma o controle. Isto envolve uma vida devocional diária, em que tomamos tempo significativo a sós, no início de cada dia, para buscarmos um relacionamento pessoal com Jesus através da Sua Palavra e da oração. E se buscarmos a Deus de todo o coração, O acharemos (Jeremias 29:13).
A outra coisa de que necessitamos a fim de continuarmos a crescer nesse relacionamento é outra forma de comunhão: envolvimento no evangelho por meio do testemunho e do serviço cristão. E se Filipenses 2:12 for aplicado ao serviço cristão, é fácil ver onde entra o “temor e tremor”! Mas lembre-se de que Deus opera em nós “tanto o querer como o realizar, segundo a Sua boa vontade”.
Ora, aquele que procura familiarizar-se com Deus saindo e trabalhando por outros, salvará sua própria vida no processo. Com frequência, porém, nos temos deparado com muita confusão e mal-entendido quanto ao propósito e motivação do testemunho cristão. A igreja sempre reconheceu a importância do mesmo, mas geralmente confiamos em abordagens de feitura humana para produzir os resultados desejados. Tem havido toda sorte de substitutos para a genuína motivação no testemunho.
Um método que empregamos com frequência é a competição, lançando um grupo contra o outro. Recorremos a truques mecânicos –”incentivos iniciais”, tais como alvos, gráficos e outros esquemas que se destinam a infundir em nós um senso de necessidade. E então distribuímos nossos botões, alfinetes e certificados, com todos os tipos de recompensas e reconhecimento a fim de mantermos todos trabalhando.
Ouvi acerca de um material à disposição das igrejas. Era uma prancha com duas séries de luzes, uma série de cada lado. No centro podia ser pintado o nome da classe da escola bíblica dos adultos. Se os membros da classe estudassem a Bíblia diariamente, poderiam acender a lâmpada elétrica de um lado. Se alcançassem o alvo da oferta missionária naquela semana, poderiam acender a lâmpada do outro lado. Se fossem afortunados o suficiente para alcançar ambos os alvos na mesma semana, poderiam colocar alguma folha de estanho atrás das lâmpadas para torná-las mais brilhantes.
Numa semana todos os membros da classe tinham alcançado os alvos, exceto um que estivera ausente. Os outros membros ficaram muito desapontados com aquele que havia falhado. Na semana seguinte ele deixou de estudar a lição por um dia, de sorte que outra vez eles não puderam acender suas luzes. A resultante reprovação do resto da classe quase o expulsou da igreja.
Infelizmente, tais incidentes são muito predominantes. Outros me falaram de experiências semelhantes com variações deste esquema. Ouvi de outro lugar onde as luzes eram acesas no início, e eram apagadas se os alvos não tivessem sido alcançados!
Quando temos de recorrer a estes métodos programados para levar as pessoas a ler a Bíblia, dar para as Missões, ou partilhar sua fé, estamos realmente apregoando aos outros a completa realidade de que algo está faltando em nossa própria experiência cristã. Estamos anunciando o fato de que não conhecemos a Jesus como o fundamento do nosso cristianismo e da nossa salvação. Se realmente O conhecêssemos como um Amigo pessoal, não precisaríamos ser forçados a estudar e a testemunhar.
Outro motivo usado para levar os outros a trabalhar é o pensamento de futuras recompensas. Indagamos se temos feito o suficiente para ganhar estrelas em nossa coroa. Consciente ou inconscientemente, prestamos muita atenção ao montante feito, não perdendo de vista os “créditos” que esperamos receber por nosso trabalho. É interessante notar que Israel caiu nessa mesma armadilha. Oseias descreve a nação como uma “vide frondosa” que “dá fruto para si mesmo” (Oseias 10:1). Que tragédia quando o ego é o motivo primário para o trabalho que fazemos!
Em 1904 estas palavras de inspiração foram escritas por uma obreira cristã: “O Senhor é bom. E misericordioso, e terno de coração. Conhece a cada um de Seus filhos. Sabe exatamente o que cada um de nós está fazendo. Sabe o justo mérito de cada um. Não quereis pôr à margem vossa lista de méritos, vossa lista de condenações, deixando que Deus faça Sua própria obra? Haveis de receber vossa coroa de glória se atentardes para a obra que Deus vos confiou” (Serviço Cristão, pág. 368).
“Bem”, alguém perguntará, “então qual é a nossa obra?” Em anos recentes os teólogos têm discutido sobre o que constitui o conhecimento salvador. Um grupo afirma que todos os que são finalmente salvos no reino de Deus devem ter tido “revelação especial” por” terem ouvido a história específica do evangelho. Sem isto, eles não podem ser salvos, e se estão perdidos, somos responsáveis. O outro grupo sustenta que a “revelação geral” é suficiente. As pessoas serão salvas pelo que fizeram com a luz, não importa quão pequena tenha sido esta luz. Elas podem ser salvas mesmo que nunca tenham ouvido a história do evangelho. Nenhuma destas opiniões está livre de problemas.
Se cada um vai ser salvo ou perdido de acordo com sua aceitação ou rejeição da luz que recebeu, então por que deve afinal o cristão testemunhar? Isto abre o caminho para uma grande falta de esforço, uma religião passiva, tipo “cadeira de balanço”, em que podemos assentar-nos confortavelmente em casa e ocupar nossa mente com os grandes problemas teológicos e filosóficos.
Por outro lado, aqueles que creem na “revelação especial” têm o problema de adaptar-se à explosão populacional. Conquanto tenhamos feito grande progresso nas missões mundiais, a população do mundo está crescendo mais rápido do que nossa capacidade de propagar o evangelho. E os adeptos da “revelação especial” têm recorrido aos apelos de “ajudar aos outros lá fora”. Temos obrigação de ir aos vizinhos e aos campos missionários por causa da sua necessidade.
Geralmente o nosso motivo primordial para dar, ensinar e partilhar provém de um senso de obrigação. Alguém que dispõe de grandes talentos de oratória e persuasão tem conseguido levar-nos ao sentimento de culpa por não fazermos mais. Ele nos diz que cada ano, enquanto estamos assentados ali nos bancos da igreja sem fazer nada, milhões de almas humanas estão perdidas para a eternidade por não terem ouvido o evangelho. Assim, nesta tarde sairemos, apavorados. Começaremos tocando as campainhas, esperando que ninguém atenda. Já aconteceu isto a você?
No primeiro ano do meu ministério, eu pensava que as pessoas seriam eternamente salvas ou perdidas por causa do que eu fiz ou deixei de fazer. Eu saía e dava estudos bíblicos. Praticamente toda vizinhança frequentava. Mas uma noite meu senso de oportunidade estava ausente e eu trouxe à baila um ponto doutrinário controverso antes que eles estivessem prontos para isto. Na semana seguinte alguns deles telefonaram e disseram: “Vamos ter visitas; não podemos reunir-nos esta semana”. Na outra semana eles telefonaram e disseram: “Estaremos ausentes; teremos de sair da cidade”. E na semana seguinte eles disseram: “Bem, suspendamos totalmente os estudos”.
Minha reação foi: “Oh, não, haverá uma casa cheia de pessoas que irão se perder por causa dos meus erros”. E eu fiquei a noite acordado, olhando para o teto e me preocupando com todas aquelas pessoas. A única saída pela qual pude encontrar paz foi concluir: “Doravante, darei mais dinheiro ao evangelismo do rádio e da televisão; vou deixar que os especialistas deem meu testemunho por mim”.
Alguém surgiu com outra ideia que parecia resolver o meu problema: “Eu preferiria ver um sermão a ouvi-lo. Se você apenas levar um bom pão para seu vizinho, isto será suficiente. O cristão tem apenas de ser agradável, bom e amável. Partilhar sua fé torna-se secundário em comparação com a maneira como você trata os outros”.
Uma noite ouvi um grupo de médicos discutindo este conceito de “testemunho convincente, silencioso”. Tudo o que você precisa fazer é praticar uma medicina boa e limpa e coser um bom ponto na incisão. O meio de testemunhar para Cristo é ser um especialista em sua profissão. Enquanto eles continuavam a debater este assunto, comentou um médico: “Quão longe teria ido o evangelho nos dias do apóstolo Paulo se o seu único testemunho fosse coser um bom ponto em suas tendas?”
Por outro lado, qual deve ser o nosso verdadeiro motivo para testemunhar? Há duas medidas exatas do nosso relacionamento pessoal com Deus. Primeira, quem possui nossos pensamentos? Durante a rotina terrena do viver diário, quão frequentemente nossos pensamentos se voltam para Cristo sem um estímulo externo? A outra indicação da nossa intimidade com Deus é sobre quem gostamos muito de conversar. Amamos contar aos nossos amigos acerca de Jesus e Seu amor por nós?
Uma tarde, após o culto, reuni-me com um grupo para discutir o papel do testemunho cristão em nossa vida. Ao partilharmos nossas experiências, alguém disse:
– Saibam vocês, nesta semana Deus nos proveu uma oportunidade de partilhar nossa fé. Pareceu providencial que alguém ficasse sem gasolina diante do nosso sítio. E assim, antes de ajudá-lo a fazer o seu carro voltar a correr, o fizemos prometer que viria hoje à igreja.
– Oh, ele veio?
– Não, ele não estava aqui. Não podemos compreender o por quê.
Se soubéssemos o que significa um relacionamento pessoal com Deus, não precisaríamos ter de buscar promessas para frequência à igreja. Se estudássemos o intento original do testemunho cristão, teríamos de desfazer-nos de muitos dos truques que temos utilizado. Nossos métodos sintéticos têm indicado uma falta de experiência íntima com Cristo. Se realmente O conhecêssemos, teríamos sempre algo a partilhar concernente ao que Ele significa para nós, ao que Ele tem feito e está fazendo hoje por nós. Testemunharíamos, não porque alguém nos esteja forçando a isto, mas porque não poderíamos calar-nos a respeito de conhecer Sua presença e bondade em nossa vida. Então o nosso motivo em fazer mais para Deus seria o resultado da nossa experiência interior com Ele, ao invés de compulsão exterior vinda de outros.
A Bíblia nos apresenta exemplos do genuíno e espontâneo estender da mão aos outros. Havia um homem coxo que veio a Jerusalém à procura do grande Restaurador chamado Jesus. Mas ao chegar no final de uma tarde de sexta-feira, ouviu acerca de uma crucifixão ali num monte chamado Gólgota. As semanas se passaram, e as pessoas que o haviam trazido a Jerusalém voltaram para casa. Ali ele se assentou em desespero nas escadarias do Templo, pedindo esmolas para comer. Dois homens que tinham testemunhado a ascensão do seu Senhor ao Céu passavam por ali – Pedro e João. E eles disseram: “Não possuímos prata nem ouro; mas o que temos, isto te damos. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda”. E o homem saltou sobre seus pés. Mas isto não foi tudo – ele subiu correndo os degraus para o pátio do Templo e ali as autoridades finalmente o descobriram, pulando, saltando e louvando em alta voz. Louvando a Deus pelo que lhe tinha acontecido.
Se algo me aconteceu em relação ao meu Senhor, não posso guardar silêncio. Não preciso de alguém para me forçar a sair e testemunhar. Não preciso que alguém use manipulações psicológicas a fim de motivar-me.
Os leprosos e os cegos iam a Jesus em busca de auxílio, e Ele os curava. Em seguida Ele dizia: “Não contem a ninguém o que aconteceu”. Mas isto não os detinha. Pelo contrário, eles corriam e gritavam e cantavam os louvores dAquele com quem tinham se encontrado. Eu gostaria de pensar que Jesus estava meramente lhes mostrando a impossibilidade de guardar silêncio. Esta é toda a essência do testemunho cristão. Se eu realmente conheço a Jesus Cristo como meu Amigo pessoal, se eu sei o que significa ter comunhão significativa diária com Ele, não posso ficar em silêncio!
Quando comecei no ministério, eu pensava tudo ao contrário. Eu pensava que se pudesse ter sucesso em levar os membros da igreja a se envolverem no trabalho missionário, eles seriam levados a uma experiência com Cristo. De sorte que eu procurava algumas personalidades dinâmicas para levar todos a se entusiasmarem com o testemunho. Mas o resultado era que muito poucos eram levados a uma experiência com Cristo, ao passo que a maioria acabava desanimada e frustrada.
Em outra igreja, resolvi tentar uma abordagem diferente. Desta vez minha premissa era que ninguém poderia possivelmente ser uma testemunha bem-sucedida para Cristo a menos que tivesse algum tipo de experiência com Ele. Quão ridículo seria comparecer a um tribunal como testemunha se eu não tivesse visto a cena! Ninguém acreditaria no que eu dissesse, a menos que eu mesmo tivesse estado lá. De sorte que desta vez resolvi pregar o reavivamento, a reforma e a justiça pela fé. Decidi falar acerca de Jesus, animando as pessoas a estudar, orar e procurar familiarizar-se com Deus em um relacionamento pessoal de um-para-um. E ao responderem, eu me reclinei na cadeira e disse: “É isto! Quando eles acham aquela experiência mais profunda com Cristo, eles saem e a partilham com outros. Não tenho de fazer nada para estimulá-los”. Mas depois eles deixaram de sair e partilhar com outros, e como resultado, o reavivamento começou a azedar. Alguns daqueles que haviam se emocionado a respeito desta experiência com Cristo acabaram piores do que antes.
Desde então tenho me deparado com pessoas que têm tido problemas em sua vida devocional. Talvez elas tenham percebido o significado de aprender a conhecer melhor a Jesus e tenham realmente iniciado o privilégio e a alegria da verdadeira comunhão com Cristo através do estudo da Sua Palavra e da oração. Mas então as coisas começaram a ir mal, e em nove de dez casos, o motivo foi que eles não partilharam com outros sua experiência de conhecer a Cristo. Eu realmente acredito nisto, não apenas em teoria, mas na própria prática. Tenho recebido cartas e conversado com pessoas que me contam experiências pessoais que demonstram que o nosso relacionamento com Cristo não pode crescer a menos que nos envolvamos em alcançar outros para Ele.
Deus está ciente do grande princípio de que quando procuramos ajudar os outros, estamos ajudando mais a nós mesmos. Eis por que em Seu grande amor Ele nos tem concedido o privilégio de trabalhar com Ele por outros como um meio de comunicação com o Céu, como um meio de continuar em contato com o Céu. Esta é uma das facetas do testemunho cristão que negligenciamos com muita frequência.
A fim de crescermos em nosso relacionamento com Deus é essencial que nos exercitemos partilhando com outros o que recebemos dEle. A atividade é a própria condição da vida, e aqueles que tentam permanecer cristãos aceitando passivamente os dons gratuitos e as bênçãos de Deus sem trabalhar para Ele, estão tentando viver comendo sem exercício. Na vida física isto sempre resulta em degeneração e decadência. Se recusamos exercitar nossos membros, logo perderemos qualquer poder ou capacidade de usá-los absolutamente.
O mesmo é verdade na vida espiritual. Se não exercitarmos nossas faculdades dadas por Deus, não somente deixaremos de crescer em Cristo, mas também perderemos a força que já tivemos. Se nos contentamos apenas em orar e meditar o dia todo sem sairmos para ajudar os outros, logo deixaremos completamente de orar. Por outro lado, a luz de Deus nos é dada para que possamos dá-la a outros, e quanto mais dermos, mais brilhante se tornará a nossa própria luz.
Assim, a única conclusão a que tenho sido capaz de chegar quanto ao problema do testemunho cristão, é que tão logo as pessoas se emocionem acerca do conhecimento de Jesus como um Amigo pessoal, devemos animá-las a testemunhar e prover toda oportunidade para envolvê-las no esforço missionário, partilhando e dando para que sua experiência com Cristo não morra.
Nosso problema é que temos apresentado frequentemente a ideia do testemunho em termos de tocar campainha na porta de lares estranhos. Mas o que disse Jesus acerca do testemunho cristão? No país dos gadarenos, Jesus curou um endemoninhado e expulsou os espíritos malignos para uma manada de suínos. O povo ficou assustado e rogou a Jesus que partisse. O homem que fora curado queria ficar com Jesus, mas Jesus lhe disse: “Vai para tua casa, para os teus. Anuncia-lhes tudo o que o Senhor te fez, e como teve compaixão de ti” (Marcos 5:19). E esse homem deve ter obedecido, porque na próxima vez que Jesus visitou aquele lugar, aqueles que antes Lhe tinham rogado que partisse, agora se apressaram em dar-Lhe as boas-vindas. Estavam ansiosos para vê-Lo, por causa do que esse homem lhes havia contado.
É verdade que Jesus nos ordenou a “ir por todo o mundo e pregar o evangelho” (Marcos 16:15), mas há muito pouco apoio para a ideia de que temos obrigação de sair em retirada abrupta e intempestiva para junto das pessoas que nunca vimos antes e atingi-las com um monte de doutrinas do evangelho. Em vez disto, eu saio para fazer amizade com elas, e depois serei capaz de contar-lhes quão grandes coisas o Senhor tem feito por mim. Que proveito há em bater às portas e em tocar campainhas de estranhos se eu não sou capaz nem mesmo de falar com a pessoa que está do outro lado do corredor da minha própria igreja acerca do amor de Jesus?
Há uma diferença entre nossa motivação para o testemunho e a de Deus por mandar-nos fazer isto. O propósito de Deus para o testemunho cristão é conservar-nos vivos nEle. Não é meramente para satisfazer as necessidades das pessoas “lá fora”, mas para satisfazer nossas próprias necessidades. Ele não está esperando que nos tornemos peritos em apresentar a abordagem programada. Está esperando que nos demos conta de que a experiência pessoal com Cristo faz toda a diferença do mundo, e que percebamos que tornar-nos ativamente envolvidos com Ele na obra do evangelho é um privilégio dado por um Deus de amor.
Na vida diária, eu me familiarizo com você pela comunicação: falando-lhe, ouvindo você me falar, e indo a lugares e fazendo coisas juntos. Os mesmos princípios operam na vida espiritual: comunicação. Ouço a Deus através do estudo da Sua Palavra, falo com Ele por intermédio da oração, e vou a lugares e faço coisas com Ele envolvendo-me no testemunho cristão.
Deus sabe que como resultado de nos depararmos com provas e oposição ao testemunharmos, não somente nos aproximaremos mais de Jesus, mas também seremos levados a dobrar os joelhos com uma fome e sede de justiça ainda maior. Isto nos levará a buscar mais a Deus e nossa fé se fortalecerá enquanto nossa experiência com Cristo cresce, tornando-se mais profunda e mais rica. É verdade que outros também serão beneficiados quando nos envolvermos no testemunho cristão, mas o propósito principal de Deus é o nosso próprio bem.
Então devemos trabalhar para Deus a fim de salvar-nos a nós mesmos? Não, isto seria para nós um motivo egoísta. Nossa motivação para testemunhar é a alegria de saber quão maravilhoso Amigo achamos em Jesus e o desejo de partilhar esta felicidade com outros. Nossa motivação será o resultado espontâneo de termos uma experiência autêntica com Cristo. E esta alegria da comunhão com Ele não está reservada a apenas alguns. Todos nós podemos experimentá-la. E ao continuarmos a partilhar com outros o que temos recebido, estaremos operando nossa própria salvação, aprendendo a conhecer mais e mais a Cristo.
Isto aconteceu em um hospital de Nova Iorque, o qual fora fundado para ajudar os alcoólatras e aqueles com vícios ainda mais tenebrosos. Uma noite eles arrastaram um homem das ruas para dentro do hospital pela 50ª vez. De manhã o médico lhe disse:
– Bill, esta é a 50ª vez que você é internado aqui.
– Oh, então eu sou um cliente de meio século? Posso tomar um trago para comemorar?
– Você pode esquecer a comédia – respondeu o médico. – Mas eu lhe darei um trago se você sair da cama e me fizer um favor.
– Oh, dê-me o meu roupão de banho.
– Descendo o corredor há um jovem que na noite passada entrou neste hospital pela primeira vez – disse o médico. – Tudo o que eu quero que você faça é permitir que ele dê uma olhada para você. Não precisa dizer uma palavra. Apenas uma olhada para você poderia espantá-lo a ponto de jamais tomar outro trago.
Assim Bill desceu tropeçando o corredor e entrou no quarto do homem mais jovem. Ali estava ele – olhos injetados e costeletas emaranhadas. O sujeito mais jovem não pôde deixar de compreender a mensagem. Mas então aconteceu uma coisa estranha. Em vez de afastar-se, Bill começou a sentir-se penalizado por esse jovem, vítima do álcool. Disse ele:
– Você sabe, há algumas pessoas que não podem beber, e você tem de aprender a tempo.
– Não, obrigado. Eu não posso – respondeu o jovem.
– Você deve – disse Bill. – Tem de acreditar em um poder maior do que você mesmo.
– Não creio em um poder maior do que eu mesmo.
– Oh, sim, você crê! – retrucou Bill. – A garrafa é maior do que você!
E ele continuou por toda a manhã a conversar com esse homem, e finalmente, quando viu uma pequena reação no coração do jovem, quase gritou de alegria.
– O que devo fazer? – perguntou o jovem.
– Ore. E então permita-me que o ajude – respondeu Bill.
Ele estava tão surpreso ante suas próprias palavras que quase caiu. Mas ele continuou a conversar com esse jovem, citando textos bíblicos que havia aprendido em sua infância. Antes de partirem naquela manhã, Bill prometeu que se manteria em contato com o jovem para animá-lo e orar com ele.
Depois disto, Bill fez muitas visitas ao hospital, porém nunca mais como paciente. Em vez disto, ele ia como o fundador de uma organização mundial conhecida como Alcoólicos Anônimos. Sua premissa baseia-se na teoria de que ao tentar ajudar alguém, você sempre ajuda mais a si mesmo.
Deus sabe que isto é verdade. Ele pôs em operação este princípio. E em Seu amor Ele hoje nos convida a responder ao Seu convite de envolver-nos com Ele no trabalho em prol dos outros.
Querido Pai celestial, obrigado pelo privilégio que nos tens dado de envolver-nos contigo na obra do evangelho. Às vezes temos pensado ser isto uma incumbência difícil ou desagradável. Livra-nos de confiar em abordagens programadas e perdoa-nos por todas as coisas que temos tentado fazer a fim de escapar do envolvimento no esforço missionário. Ajuda-nos a conhecer tão bem a Ti que não sejamos capazes de ficar em silêncio, para que continuemos a contar aos outros o que Tu significas para nós. Agradecemos-Te por Tua misericórdia e paciência enquanto aprendemos a conhecer-Te melhor. Em nome de Jesus. Amém
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